Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), as rodovias brasileiras necessitam de pelo menos R$ 82,5 bilhões em investimentos para reconstruções, restaurações e manutenção. A estimativa é um dos resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2021, na qual a entidade analisou quase 110 mil km de estradas por todo o país.
O levantamento também constatou que 74,2% das rodovias concedidas no Brasil encontram-se em bom ou ótimo estado. A avaliação contrasta com a verificada nas estradas sob gestão pública. Nestes trechos, apenas 28,2% das avaliações foram positivas. No resultado geral, considerando estradas concedidas e sob gestão pública, o estudo concluiu que 61,8% das vias no país encontram-se em situação regular, ruim ou péssima.
Em relação à última edição do levantamento, realizada em 2019, as estradas sob gestão pública pioraram. Há dois anos, a pesquisa registrou classificação ótimo e bom em 32,5% destes trechos. Neste ano, o índice caiu para 28,2%. Isso significa que em 2,7 mil km de estradas houve deterioração. Já nas vias concedidas, a qualidade das rodovias segue estável. Em 2019, 74,7% dos trechos receberam avaliação ótimo e bom. Neste ano, o índice ficou em 74,2%.
O volume de investimentos realizados ajuda a explicar a disparidade entre vias com gestão pública e concedidas. Enquanto nas estradas sob gestão pública o investimento médio por km é de R$ 108,9 mil, nas rodovias concedidas este valor sobe para R$ 381 mil.
Demanda por investimentos
Os R$ 82,5 bilhões que a CNT aponta como necessários para corrigir os principais problemas nas estradas referem-se apenas aos trechos analisados no estudo. E não incluem investimentos na reestruturação da malha viária, como a adequação da capacidade de pistas e a pavimentação de novos trechos.
Do montante, R$ 62,9 bilhões precisam ser investidos em obras de reconstrução e restauração de rodovias. Já os trabalhos de manutenção de trechos desgastados demandam outros R$ 19,6 bilhões.
Outros dados financeiros chamam a atenção entre os resultados da pesquisa e evidenciam o quanto a falta de investimentos em infraestrutura custa ao país. Um deles é o crescimento médio de 30,9% nos custos operacionais de transporte em virtude do estado de conservação das vias. Estas despesas incluem combustíveis, manutenção dos veículos e desgaste de componentes, entre outras despesas.
Somente no gasto com combustíveis, o prejuízo estimado é de R$ 4,21 bilhões. De acordo com a CNT, problemas na qualidade das estradas brasileiras elevaram em 955,9 milhões de litros o consumo de diesel pelas transportadoras de cargas e passageiros. O esforço extra também resultou na descarga de 2,53 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Além disso, as despesas geradas ao país em função de acidentes ocorridos nas estradas supera o valor investido em rodovias federais. Até setembro, foram R$ 4,16 bilhões em investimentos pagos, contra uma estimativa de R$ 8,85 bilhões gastos com acidentes.
Esta foi a 23ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias. O último levantamento havia sido realizado em 2019. Em 2020, o trabalho foi suspenso devido à pandemia. Você pode acessá-lo clicando neste link.