Criada para integrar a região Norte ao restante do Brasil, a BR-153 é uma das mais extensas rodovias do país. Seus cerca de 4 mil km cortam oito estados, ligando Marabá, no Pará, à cidade gaúcha de Aceguá, na fronteira com o Uruguai.
A história da rodovia está diretamente ligada ao processo de ocupação do interior do Brasil, incluindo a região amazônica. Deste objetivo surgiu sua principal denominação: Rodovia Transbrasiliana.
Marcha para o Oeste
A Transbrasiliana tem origem em uma via chamada Estrada da Colônia, aberta entre os anos de 1942 e 1948. Na época, o Governo Federal buscava ocupar e modernizar a região Centro-Oeste do país.
O ponto inicial da rodovia era a Colônia Agrícola de Ceres, na região Central de Goiás. O povoado, criado pelo Governo Vargas, tinha o objetivo de tornar uma região de produção agrícola.
Foi na década de 1950, sob o governo de Juscelino Kubitschek, que a estrada foi ampliada. Ela serviu de base para a Rodovia Belém-Brasília, como é denominada a BR-153 entre o Pará e o Distrito Federal.
Até então, o acesso ao estado do Pará só era possível por via marítima ou aérea. A construção da Belém-Brasília foi a primeira grande intervenção de infraestrutura do estado em território amazônico. A missão ficou sob responsabilidade do engenheiro Bernardo Sayão.
A obra teve início em 1958, em duas frentes. Sayão organizou os trabalhos a partir de Brasília, em direção ao norte. No sentido oposto, a partir de Belém, a construção foi coordenada pelo médico sanitarista paraense Waldir Bouhid.
O projeto previa uma estrada em linha reta entre Belém e Brasília, que sequer havia sido inaugurada. Em menos de um ano, foram abertos mais de 2 mil km de rodovias, grande parte em meio a floresta.
Além de ter que vencer a mata, as equipes enfrentaram ainda doenças tropicais e até embates com grupos indígenas. Sayão não chegou a ver a estrada pronta. Duas semanas antes da sua conclusão, o engenheiro morreu vitimado por um acidente no canteiro de obras.
O asfaltamento da Transbrasiliana prosseguiu até os anos de 1970. Também foram realizadas obras de retificação de traçado, desviando de centros urbanos que surgiram desde o início dos trabalhos. Foi concluída ainda a integração com o restante da rodovia, em direção ao Sul.
Concessão
Em abril de 2021, cerca de 800 km da BR-153 foram concedidos ao consórcio Eco-153. Para administrar o trecho entre Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO), o grupo desembolsou R$ 320 milhões em outorgas. O investimento previsto na rodovia é de R$ 14 bilhões.
Entre as melhorias previstas para o trecho estão a duplicação de 623 km da estrada, sendo 350 km nos primeiros dez anos de contrato. A previsão é que a concessão gere cerca de 120 mil empregos diretos e indiretos.
Trecho sem asfalto
Mesmo décadas depois de sua conclusão, a Transbrasiliana ainda conta com um trecho sem asfaltamento: os 68 km entre as cidades gaúchas de Erechim e Passo Fundo. A conclusão do trecho é uma antiga demanda das prefeituras da região, preocupadas com os prejuízos ao escoamento da produção agrícola.
Segundo estimativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a obra demanda investimentos de R$ 300 milhões, mas não há previsão para sua conclusão.