Infraestrutura

O potencial da infraestrutura sustentável
15 de junho de 2021 | Por Natália Tokuzumi

Projetos de infraestrutura sustentável têm condições de gerar, nos próximos 20 anos, 2,4 milhões de empregos e movimentar R$ 3,5 trilhões somente no Brasil. O dado consta de um estudo realizado pelo fundo de investimento britânico Prosperity Fund. 

A concretização destes resultados, porém, depende da adoção de um conjunto de políticas para impulsionar o setor e atrair capital privado. Estas medidas incluem o fortalecimento das agências reguladoras, revisão das políticas de subsídios e investimentos por meio de parcerias público-privadas.

O estudo lista oito setores com maior capacidade de geração de emprego e de riqueza, caso recebam investimentos direcionados à adoção de infraestruturas sustentáveis: energia de baixo carbono, iluminação pública, saneamento, resíduos sólidos, portos e hidrovias, telecomunicações e transporte urbano.

 

Investimentos para projetos sustentáveis

Conciliar investimentos em infraestrutura com a preservação do meio ambiente está no radar do Governo Federal. De acordo com o Ministério da Infraestrutura, nos últimos dois anos, a pasta firmou acordos com entidades que são referência em sustentabilidade para incluir questões como as mudanças climáticas no escopo dos projetos.

 

Em encontro com ministros dos transportes de países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no final de maio, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, reforçou este compromisso.

Segundo o ministro, investimentos em sustentabilidade vêm recebendo especial atenção. “Nossos projetos incorporam um compromisso com a conduta ambiental, incluindo a recuperação de áreas degradadas, o combate aos processos erosivos, a implantação de corredores de fauna, a limitação do transporte com combustível fóssil e o plantio compensatório”, pontuou.

A posição foi reforçada em reunião com investidores internacionais, quando Freitas ressaltou que a pasta trabalha para incorporar a sustentabilidade nos projetos de concessão de transportes. Freitas citou o programa de concessões ferroviárias como exemplo desta preocupação.

Os projetos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) e da Ferrogrão (EF-170) deverão ser submetidos ao crivo da Climate Bonds Initiative (CBI), entidade que realiza a certificação de iniciativas sustentáveis.

Somente a Ferrogrão deverá reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa e retirar 1 milhão de toneladas de CO2 da atmosfera. “A Ferrogrão vai funcionar como uma grande barreira verde. Estamos utilizando apenas 0,05% do parque para garantir toda a sustentabilidade que ela trará”, explicou o ministro à investidores internacionais em encontro no início de junho.

 

 

Benefícios ambientais e econômicos

A sustentabilidade ambiental é o benefício mais evidente dos investimentos em infraestruturas sustentáveis. Um relatório elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), aponta que as obras de infraestrutura são responsáveis por até 70% de todas as emissões de gases do efeito estufa.

O documento, chamado Princípios Internacionais de Boas Práticas para Infraestrutura Sustentável, indica dez princípios orientadores que os gestores públicos devem considerar para agregar a variável sustentabilidade nos projetos.

Porém, além da preservação ambiental, as práticas indicadas consideram o retorno social e econômico que a adoção da infraestrutura sustentável pode trazer. O relatório cita, por exemplo, que o investimento em energias renováveis é capaz de criar até cinco vezes mais empregos do que as infraestruturas baseadas em combustíveis fósseis.

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