É na cidade de Mara Rosa, no interior de Goiás, onde haverá um dos trechos mais importantes da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste.
Com cerca de apenas onze mil habitantes, a cidade de Mara Rosa, em Goiás, é uma cidade promissora para o desenvolvimento próprio e para a infraestrutura do Brasil. Situada a 350 quilômetros de distância ao norte da capital Goiânia, é nesse município onde terão início os primeiros 383 quilômetros da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, a Fico. Ao todo a ferrovia terá 888 quilômetros.
O projeto da Fico foi iniciado há mais de dez anos, mas só agora sai do papel, após o Governo Federal negociar aditivos com a mineradora Vale em relação a Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), no que se chamou investimento cruzado. Para a renovação antecipada dos contratos, a Vale se comprometeu a desembolsar R$ 11,8 bilhões em outorga, verba da qual parte será para a construção da Fico, de Mara Rosa à Água Boa, no Mato Grosso.
A Fico será responsável pelo transporte ferroviário de grãos de soja e milho da região do Vale do Araguaia até a Ferrovia Norte-Sul, que interliga as principais malhas ferroviárias das cinco regiões do Brasil, dando acesso às principais localidades produtoras do país.
No embalo desse desenvolvimento, a cidade de Mara Rosa deverá comportar um pátio de formação de trens. Ao todo serão construídos dez pátios de cruzamento e dois pátios de carga e descarga, sendo um em Nova Crixás, que fica a três horas do município mararrosense.
De acordo com o diretor-executivo do Movimento Pró-logística, Edeon Ferreira, é de Mara Rosa que ficam mais fáceis os acessos aos portos de Itaqui ou de Santos. Além de todo o favorecimento para a região, são previstas ainda reduções de 15% a 20% no valor do frete do produto que se paga atualmente.
Na rota revolução ferroviária no Brasil
Antes conhecida apenas pela produção de açafrão, a cidade de Mara Rosa agora está na rota da revolução ferroviária. Ao todo, a Fico deve se estender por mais 505 quilômetros, até Lucas do Rio Verde (MT). Além do avanço da Fico, outros projetos trazem otimismo para a região.
O primeiro lote da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol) deve ser leiloado em abril de 2021 e a cidade pode ser local para uma conexão direta entre Fico e Fiol, segundo o Ministério de Infraestrutura.
De Lucas do Rio Verde deve ser estendido ainda um outro ramal: o da Ferronorte, até Rondonópolis (MT), conforme prometido pelo Ministro da Infraestrutura durante a inauguração da Ferrovia Norte-Sul, com investimento estimado em mais R$ 8,5 bilhões.
Em paralelo a todas as movimentações, corre no Senado Federal a tramitação do Novo Marco Legal das Ferrovias, que prevê ditar regras do setor e permitir novos formatos para atrair investimentos privados para o transporte ferroviário. Ainda não há data exata para a votação.
Em Mara Rosa tem ouro
Além das movimentações ferroviárias em Mara Rosa, há um grande projeto de exploração de minério se desenvolvendo na área desde 2016, quando a Amarillo Mineração do Brasil recebeu a Licença Preliminar para implantação de uma unidade industrial de mineração de ouro.
O início da operação está previsto para o segundo semestre de 2022 e mais de US$ 15 milhões já foram investidos em estudos para o desenvolvimento do projeto, com potencial para gerar 700 empregos diretos e 2 mil indiretos e mais de R$ 600 milhões em obras.
Segundo estudo feito pela empresa, a vida útil da mina será de cerca de dez anos. A reserva total da Mina de Posse possui 902 mil onças contidas e outras 811 mil onças recuperadas, baseadas em 24 milhões de toneladas de minério de ouro a céu aberto (com classificação de 1,18 g/t, e recurso de 1,2 milhão de onças de ouro contidas, em 32 milhões de toneladas, com classificação de 1,1 g/t).
Além de gerar empregos e contribuir para o desenvolvimento da cidade e de seu entorno, o projeto ainda será um dos primeiros greenfield da região, sem barragem de rejeitos e adoção da tecnologia dry stacking e menos utilização de água nova durante o processo.
Mara Rosa entra oficialmente no radar de polos de desenvolvimento e será de grande importância para a logística e a produção de minério no Brasil, que agora também ganha força com a política Pró-Minério, publicada no Diário Oficial da União em março de 2021.