Infraestrutura

Engenharia para mulheres
29 de abril de 2020 | Por Natália Tokuzumi

A luta pela igualdade de gêneros e pela maior diversidade dentro do setor industrial ainda tem um grande caminho a percorrer, mas já apresenta bons resultados.

Por muito tempo as profissões de exatas foram vistas como voltadas para homens e com poucos cargos ocupados por mulheres. Nos últimos anos, no entanto, esse cenário vem passando por mudanças aceleradas e as mulheres estão cada vez mais ocupando e conquistando seu espaço, contribuindo para este e outros setores.

No Brasil, de acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o número de mulheres engenheiras registradas por ano no sistema passou de 13.772 em 2016 para 19.585 em 2018 – um crescimento de 42%. Atualmente a quantidade de mulheres inscritas é de mais de 196 mil. 

Lívia Krutzler Vega tem 29 anos, é engenheira civil e ocupa uma dessas posições. Trabalha há sete anos no setor de precificação de investimentos em infraestrutura na Barufi Consultoria, em Mogi das Cruzes. Ela iniciou a faculdade jovem, aos 20 anos de idade, e já no segundo semestre do curso começou a trabalhar como estagiária na prefeitura da cidade. Foi quando percebeu que estava no caminho certo e que gostava muito da profissão escolhida. 

“O estágio fez a curiosidade aumentar e me permitiu viver as aulas de laboratório na prática. Quando comecei, eu não sabia nada. Tudo o que eu aprendia de novo, eu anotava, chegava em casa e começava a pesquisar. Esse processo foi muito importante para o começo da minha vida profissional”, contou. 

“No terceiro ano de curso, ingressei na Barufi Consultoria, nas obras de ampliação do Aeroporto de Guarulhos (Terminal 3). Era um outro mundo! Uma obra de grande porte, muito trabalho e muito aprendizado também. Depois que acabaram as obras do aeroporto, logo comecei a trabalhar diretamente com orçamentos no escritório, desde os levantamentos de quantidades, estruturação das planilhas, cotações… e com o tempo, comecei a fazer orçamentos completos. Hoje acompanho todos projetos da Barufi, desde o início até a entrega – e após entrega também, sempre em contato com os clientes, para que eles recebam exatamente o que precisam. Vivo a engenharia diariamente. 

Para cada novo projeto são muitas horas de pesquisa e estudo. É sempre um novo desafio – e isso é o que me mantém sempre interessada e motivada! Neste ano de 2020 finalizo meu MBA em engenharia de custos e pós-graduação em gerenciamento de projetos e estou muito satisfeita e orgulhosa de tudo o que tenho conquistado”, comemorou.

 

A mulher em destaque

 

Muitas mulheres têm quebrado barreiras e aberto portas para outras, se destacando na engenharia. Lívia conta o quanto admira todas as mulheres que trabalham no setor. “Sempre fico feliz quando entro em uma sala de reunião e encontro mulheres. Acredito que na engenharia civil a quantidade de mulheres já aumentou bastante, mas na infraestrutura ainda é difícil encontrar, principalmente para o trabalho que envolve precificação de grandes investimentos em obras. Talvez seja porque é necessário ter mais experiência, então, geralmente, as pessoas são mais velhas e sabemos que a nossa presença nessa área era menor antigamente. Quando encontro uma mulher de mais idade trabalhando na minha área e em uma posição de liderança me sinto feliz e representada”, ressaltou. 

“Não acredito que exista um olhar diferente, como uma intuição feminina, quando falamos de determinada profissão. Acredito que as decisões que as pessoas tomam no dia a dia são o resultado da soma de situações que já vivenciaram. O diferencial vai ser o quanto a pessoa está preparada em termos de conhecimento para lidar com os desafios do projeto, independente de ser homem ou mulher”, afirmou a engenheira. Para trabalhar no ramo de infraestrutura, Lívia explica que a experiência é um ponto crucial.  “Eu sinto que contam muito as experiências já vividas, o que geralmente traz mais confiança para o trabalho”, afirma. 

Em relação ao espaço feminino, antigamente o número de mulheres que cursavam engenharia era drasticamente menor em relação aos homens, mas atualmente representamos uma grande parte desse universo. No entanto, ainda nos dias de hoje, dificilmente as mulheres são encontradas em cargos de liderança na infraestrutura, e o ambiente se mantém intimidador. Como eu já disse, são raras as vezes em que entro em uma sala de reunião e não sou a única mulher”, observou.

 

 

Mulheres no poder 

 

Em relação à crise mundial causada pelo novo coronavírus (covid-19), Lívia diz que admira o empenho dos governos liderados por mulheres que são tomados como exemplos no combate à pandemia. Finlândia, Alemanha e Taiwan são alguns locais com bons números no combate à covid-19, como baixa taxa de letalidade

Apesar disso, ela se posiciona: “Não gosto do termo “visão feminina”, isso é um compromisso de todos. Admiro o êxito dessas líderes, mas o fato é um só. Decisões assertivas precisam ser tomadas, independente do gênero. Mas, certamente, as mulheres em cargos de liderança mostraram ao mundo a importância da diversidade, gerando grande admiração. A reconstrução do mundo pós coronavírus, vai depender não só do empenho dos governantes, como também de todos nós, que estamos passando por esse momento e precisamos nos adaptar para sairmos dessa e ganhar forças para superar a crise”, encerrou Lívia.

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