Infraestrutura

Destaques da Live com o Engenharia 360 – Os impactos do Coronavírus no canteiro de obras e, principalmente, no setor de infraestrutura
15 de abril de 2020 | Por Natália Tokuzumi

Na última quinta-feira, 09 de abril, o CEO da Barufi Consultoria, André Barufi, foi convidado pelo Eduardo Mikail, do canal Engenharia 360, a falar juntamente com Luiz Link sobre os impactos do Coronavírus no canteiro de obras e, principalmente, nas obras de grande porte e de infraestrutura. 

Num âmbito geral, o impacto da pandemia é incontestável e interfere em todos os setores do país, seja de maneira positiva ou negativa. Para a engenharia como um todo e, mais especificamente, para o setor de infraestrutura, é possível identificar, já neste momento, algumas características principais: as obras contratadas pelo poder público ou feitas com investimentos públicos deverão ser adiadas, pausadas ou revisadas, devido à necessidade de priorizar investimentos em outros campos do país; as obras de iniciativa privada deverão sofrer impactos imediatos, devido à situação econômica; e as concessões, que geralmente são de longo prazo, entre 20 e 30 anos, deverão ser as menos impactadas.

Para as concessões, é presumível que haja necessidade de revisar as projeções de receita, principalmente do ano em que se instala a pandemia, mas com previsão de ordem retomada em futuro próximo. Ainda assim, aeroportos e rodovias deverão ser os mais abatidos pela crise, vez que dependem da movimentação e circulação de pessoas. Discorremos mais sobre este assunto neste artigo.

Considerando este panorama, pode-se dizer que o setor de infraestrutura não esfriou e os projetos continuam sendo desenvolvidos e planejados, à medida que as empresas aproveitam o gap e a paralisação para realizar estudos e basear decisões para o que se desenha após o controle da Covid-19. Neste cenário, a Barufi Consultoria tem sido requisitada para desenvolver análises, due diligences, projeções e diversos outros serviços.

 

 

O que deve continuar após a pandemia?

 

Algumas medidas tomadas em circunstâncias emergenciais vieram para beneficiar os setores, as empresas e seus colaboradores, como a maior preocupação com a saúde dos empregados e as medidas de proteção e segurança em canteiros de obras, por exemplo. Passada a pandemia, a quarentena de uma semana requerida à colaboradores que vão de uma região à outra prestar serviços deve ser descontinuada, mas novas exigências de higiene, maior fiscalização e maior garantia de equipamentos de EPI devem se tornar regras que perdurarão.

Também pouco exploradas até então eram algumas medidas como o home office ou as reuniões virtuais. Mesmo não substituindo a experiência de ver e explorar os locais e obras presencialmente ou de fortalecer o networking e estreitar as relações durante um bom café, soluções como videoconferências e a utilização de drones para realizar estudos topográficos vêm se tornando cada vez mais populares e comuns para os profissionais e equipes, o que, afinal, gera uma redução dos custos e otimiza o tempo de todos.

Novas soluções trazidas por startups, a indústria 4.0, a utilização da inteligência artificial, implementação de robôs e várias outras aplicações tecnológicas deverão estar cada vez mais presentes no dia a dia do setor de engenharia, o que talvez fosse negligenciado pela demanda de “profissionais modernos” ou que já tenham conhecimentos específicos de softwares e ferramentas novas. Como definida por Luiz Link, especialista em gestão de riscos, a pandemia se trata de um risco ontológico, caracterizado por uma baixíssima probabilidade e altíssimo risco, o que a tornava praticamente impossível de ser prevista. Dessa forma, sua chegada súbita fez com que o setor tivesse que se adaptar e se abrir a uma nova era.

Parte dessa adaptação dá margem para a solicitação de reequilíbrios contratuais, desde que o objeto do contrato não se tenha dado devido ou em função da pandemia. Isso significa que, por mais incerto que seja o momento, ainda é possível negociar e conversar com fornecedores, clientes e partes envolvidas, a fim de encontrar as melhores maneiras de transgredir a crise e minimizar os impactos negativos. Para isso, é imprescindível que hajam registros do impacto no negócio, como lembra Barufi. Os dados são muito importantes.

 

A engenharia deve ser uma ferramenta importante para a recuperação econômica do Brasil

 

Considerando o consenso geral de que a pandemia terá fim num período próximo, já se podem arriscar alguns palpites para possíveis soluções de reaquecimento do mercado: os investimentos em infraestrutura, os investimentos em soluções para populações mais carentes e o Novo Marco Legal do Saneamento, que está em tramitação no senado e já é considerado prioridade pelo presidente do plenário.

Tanto Barufi quanto Link acreditam que investir em obras de engenharia, tanto de infraestrutura nacional quanto de projetos locais, pode ser a melhor saída para que a economia volte a girar. Obras de grande porte, principalmente as de infraestrutura, têm o poder de fomentar a criação de novas regiões, com comércio e serviços próprios, gerando empregos e beneficiando a população ao seu redor.

Já as populações carentes deverão ter projetos próprios para elas fortemente apoiados pelos bancos públicos, que já estão disponibilizando linhas de crédito específicas, como os investimentos em habitação popular e os incentivos às micro e pequenas empresas.

Também beneficiando a população mais carente, porém sendo de utilidade para toda a nação, o grande destaque deverá se dar no setor de saneamento básico, com a sanção do Novo Marco Legal do Saneamento. Além de levar água potável para a população, o objetivo da nova legislação é centralizar a regulação dos serviços de saneamento na esfera federal, além de instituir a obrigatoriedade de licitações para prestação de serviços por empresas privadas.

Visto que se trata de uma questão sanitária, os investimentos no setor terão como consequência mais saúde para a população brasileira, e discute-se ainda a possibilidade de famílias de baixa renda receberem subsídios, tarifários ou não, e terem gratuidade na conexão à rede de esgoto. As modernizações ainda vão gerar movimentação na economia e criação de empregos. Ou seja, mais saúde, dignidade e oportunidades para todos.

 

 

André Barufi é engenheiro, CEO da Barufi Consultoria e trabalha há mais de 20 anos com precificação de investimentos em infraestrutura.

Luiz Link é engenheiro especialista em gestão de riscos e trabalha principalmente com construção pesada.

Eduardo Mikail é engenheiro e fundador do Engenharia 360, uma plataforma multicanal que tem como objetivo promover o desenvolvimento da engenharia no Brasil.

 

Você pode assistir à gravação da live na íntegra clicando aqui.

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