Infraestrutura

Desafios da Precificação de Investimentos em Infraestrutura
24 de outubro de 2019 | Por Natália Tokuzumi

Historicamente, o setor de infraestrutura no Brasil por vezes demonstrou instabilidades e obstáculos que acabaram por despertar desconfiança no mercado, seja por parte de especialistas e consultores, sempre ansiosos pelos próximos movimentos, seja por parte de investidores, inseguros sobre o momento e as motivações para investir no país. Diante desta realidade, são diversos os desafios encontrados ao longo do caminho, muitos deles ligados aos estudos e projeções para a precificação de investimentos em infraestrutura.

Ainda em 2017, anteriormente à mudança no governo do país que seria definida no ano seguinte e, enfim, oficializada em 2019, as expectativas de investidores estrangeiros se resumiam às referências que os mesmos tinham sobre o mercado brasileiro – e que, em geral, não eram positivas. Como exemplo, frequentemente eram citados como dificultadores em concessões de infraestrutura no Brasil os altos custos para investimento no país e as taxas de retorno consideravelmente baixas, se comparadas aos esforços exigidos dos investidores. Enquanto isso, mercados como o imobiliário e de shoppings seguiam atraindo a atenção dos especialistas, por se apresentarem “mais seguros” e com retornos mensuráveis.

Diante deste histórico, ainda que o panorama tenha se mostrado diferente desde os primeiros meses de 2019, pode-se dizer que a “fama” do mercado brasileiro tem sido – e provavelmente continuará sendo – o principal desafio para que o mercado se ajuste às intenções dos investidores e, desta forma, conquiste novamente sua confiança. Também é claro que esta visão do mercado também poderá ser modificada com as medidas adotadas pelos órgãos brasileiros na abertura de suas concessões (posicionando-se, talvez, com orientações mais claras sobre os projetos e precificação mais atrativa, inclusive como visto em projetos recentes, como o da Ferrovia Norte-Sul, que despertou interesse e movimentou as atenções de investidores).

O retorno dos projetos, como mencionado anteriormente, também costumam ser pauta frequente entre os debates sobre os “porquês” de direcionar olhares ao mercado brasileiro. De acordo com Mark Machin, em entrevista ao Estadão, diretor do Canada Pension Plan Investment Board, este fator tende, ainda, a acentuar as impressões causadas pelos altos valores necessários para adentrar ao país. Ainda segundo o empresário, esta realidade pode ser uma explicação para a ocorrência frequente de empresas que vão a público comunicar a desistência de ativos em infraestrutura porque não tiveram o resultado esperado com as aquisições, apontando a retração na demanda como principal fator-chave para esta ocorrência.

Este fator, contudo, se combinado a medidas favoráveis do Banco Central, pode acabar favorecendo empresas estrangeiras. A explicação é simples: com a desistência de empresas nacionais pelos ativos em infraestrutura, a imposição de taxas sobre a precificação dos projetos tende a ser atenuada, por conta do aumento de ofertas em sobreposição à demanda de empresas interessadas em investir. Com os preços menos afetados pela aplicação de juros, aumenta a tendência de o mercado externo se interessar pelos ativos brasileiros.

No final das contas, vale lembrar, ainda, que as modificações vistas recentemente sobre a forma como os órgãos brasileiros lidam com os projetos em infraestrutura têm causado boas impressões sobre o mercado e traz boas perspectivas para o ano de 2020.

Até lá, especialistas e investidores seguem acompanhando a melhora das condições para entrada no mercado brasileiro, e a estabilização do mercado, a baixa dos preços e, por fim, o acompanhamento do retorno das concessões concluídas, segue dando conta de melhorar a imagem dos projetos em infraestrutura no país.

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